UTSM para atletas de alto galarito

Publicada por João Carlos Correia abril 03, 2018

UTSM para atletas de alto galarito

O melhor do trail são os bons momentos que passamos uns com os outros. Num treino habitual de corrida normalmente não há fôlego para grandes gracejos ou então saem menos espirituosos. No sábado de Aleluia os quase 40 que nos reunimos para correr/progredir o troço de 30 Km que liga São Julião a São Mamede pudemos dar asas à criatividade ao longo de quase 6 horas. Muito tempo, deu para ver tudo!
E que vimos nós? Desde logo ouvimos o Sérgio constantemente a dizer que era só para atletas de alto galarito e feito galinha (ou frango para não ser acusado de discriminação de género) insistia em ficar-se por São Julião evitando o doce final. Que doce final! De São Julião ao alto da serra de São Mamede há que vencer 3 subidas que só cada uma delas já vale um apelido de ultra mas serão apenas mais 3 das muitas dificuldades que o UTSM 2018 vai apresentar.
Alto galarito mas só deve cantar de galo quem conseguir dar a volta completa aos concelhos de Portalegre (incluindo no seu extremo Alegrete), Castelo de Vide e Marvão. Em 2018 invertemos o sentido da corrida mas essa não será a única alteração. Facilitamos um pouco na Sierra Fria mas nas vertentes de São Julião estará a cereja, não no topo do bolo, mas sim no topo de cada um dos cumes a alcançar. Não se preocupem. Nem darão pela dificuldade porque os trilhos sucedem-se ora cénicos e imponentes, ora técnicos e exigentes. Nuns a atenção ao solo há-de ser permanente, noutros sentirá o frescor do Sever ou do Xévora, noutros ainda será a lonjura dos horizontes e a magnificência do coberto arbustivo a recordar-lhe que veio a Portalegre com um vagar de 24 h. Podem ser escassas num dia não, mas quem as aproveitar sonhará à noite, quando por fim puder deitar-se segurando a valiosa medalha de cortiça que pelo sétimo ano entregaremos aos finalistas, que é sem dúvida um trail runner de alto gabarito. Quem apenas suportar parte do desafio não dará por mal empregue o tempo que despender na tentativa. Assim nos aconteceu no sábado de Aleluia, incluindo o Sérgio que não teve a coragem de não cantar de galo ao longo de todo o percurso. Quais Judas fomos malhados no dia a isso destinado ao longo de quase uma jornada de trabalho. Que manhã magnífica. Brutal, escreveram alguns. Concordamos mas preferimos o gracejo do Sérgio: só para atletas de alto galarito! Quem não tiver crista de galo nem sequer tentará!