Não há seca de corrida em Ervedal

Do corta-mato só não gosto do nome. Do nome e ... de os correr. Corta-Mato! Mas vamos cortar alguma coisa ou vamos correr no campo? O étimo da palavra terá seguramente a ver com a popular expressão portuguesa de correr por atalhos mas ... não me soa bem. Adiante, o nome é o que menos interessa.
Corrê-los! Ui! Nunca gostei! Mudanças constantes de ritmo originadas pelas subidas e descidas constantes, pela lama, pela emulação própria da competição direta. Voltas e voltinhas. Passar pela Meta e afinal ainda não é a Meta, continua para mais uma, duas, três, quatro voltas. Intensidade máxima de princípio a fim, não é um trail em que fica bem caminhar ou, progredir, como diz o outro, ou seja, eu. O corta-mato sempre mexeu com o meu estilo mais regular, movimento cíclico se possível numa descida contínua com 1% de inclinação. Em jovem cheguei a desistir nalguns. Não me apetecia, não me apetecia, já se sabe que a adolescência é tramada.
Mas então para que existem!? Ou porque existem para mim? Bem, são a mais fantástica expressão da corrida a pé. A sua dificuldade específica é precisamente o seu valor como desporto de corrida específico e como meio de preparação para outras modalidades da corrida ou para outros desportos em que a resistência e a capacidade de superação psicológica sejam elementos caracterizadores. No corta-mato sofre-se, no corta-mato aprende-se a sofrer. E o corredor, tal como o poeta, é um fingidor, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. Daí que o melhor é deixarmo-nos de fingimentos e mergulharmos completamente na água fria. Dói, mas tonifica! Aguenta!
Tudo isto para falar um pouco de mais uma participação da dupla mais ativa a correr dos Cinco, a Vitorina e eu, no 18º Corta-Mato de Ervedal disputado no sábado por cerca de 240 concorrentes - um record de participação - no fantástico percurso traçado na margem da Ribeira Grande junto à fabulosa réplica da ponte 25 de Abril. Uma desolação vê-la assim, fantasmagórica, sem uma pinga de água por baixo, ela que em 2006 aguentou estóica a enxurrada que nos obrigou a interromper a 7ª edição após a prova dos Iniciados. Tirando o pormenor da seca tudo o resto foi quase perfeito. Temperatura fantástica, sol, boa disposição, alcateia numerosa nas suas três vertentes (masculina, feminina e jovem), incentivos vindos de quase todo o lado dirigidos a quase todos, famílias completas a correr ou, pelo menos, a acompanhar os elementos que correm, o Desporto Para Todos como sempre o imaginámos, uma Escola de Valores em que a qualidade se mede pela Qualidade de Vida e pela Felicidade dos envolvidos e não pela velocidade a que se deslocam os mais rápidos. Mas mesmo neste pormenor a coisa não está fácil, caso para dizer que estas corridas não são para velhos, fazendo uma analogia com o filme do irmãos Coen. Uma violência numa terra desolada, o nosso Texas.
Desloquei-me a 4 m 41 s o Km para me classificar em 43º de 76, 3º do meu escalão etário de pessoas com idade para terem juízo e temo-lo (M55). Quanto à minha Maria continua a "incomodar" com as suas 53 primaveras completadas 2 dias antes, 3ª da Geral a 4 m 45 s o Km (teríamos acabado de mãozinha dada mas eu ainda teria que dar mais duas voltas das tais que detesto :( ).
Resultados do 18º Corta-Mato de Ervedal


Sob a ponte de Ervedal sem pinga de água! :( 
Corta-Mato: sofrimento constante! 
Corta-Mato do Ervedal um paraíso de cenários para Fotografia.

A Maria ainda voa!






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