Badajoz > Elvas em dia de tragédia


No domingo acordei em Portalegre às 6 h, equipei-me e desloquei-me para o local de encontro da Alcateia para rumarmos a Elvas para mais uma (a 29ª) Meia Maratona Badajoz > Elvas. Algo pairava no ar e todos disso nos apercebemos.
Um calor completamente inusitado - ainda era de noite - e uma atmosfera "esquisita". Algo estava, de novo, para acontecer! A nossa preocupação era a de sobreviver à dura prova desportiva, a nossa preocupação deveria ser bem menor que a de muitos outros portugueses que se iriam deparar nas horas seguintes com o terror dos incêndios incontroláveis.
Na Meia-Maratona aconteceu o habitual e que afasta tanta gente. Duríssimos 21 Km percorridos em longas retas com uma subida constante que desgasta corpo e mente. Após um mês de Agosto lesionado ia pouco confiante e o objectivo era apenas o de terminar sub 1 h 45 m, o que equivale a um ritmo médio inferior a 5 m cada Km, nada mau para um popular com 55 anos de idade. E assim foi. Integrei-me no final do primeiro terço de um pelotão com heróicos 200 e tal concorrentes que não temem a dureza desta prova e segui com a minha Maria até aos 15 Km. Depois a longa e penosa subida do Paga Pouco e os cerca de 30ºC cobraram a sua taxa e deixei-a ir para um saboroso 2º lugar feminino com 1 h 42 m 48 s entre 25; eu cheguei uma "volta ao estádio" depois em 77º da geral com 1 h 43 m 58 s. Objectivo alcançado, portanto.
Heróicos sim, todos os que lutaram à mesma hora contra a devastação dos incêndios que pela 2ª vez neste ano em Portugal ceifaram vidas, muitas vidas. Uma luta desigual, um desnível positivo de chamas impossível de ultrapassar para muitos. Uma desolação. Do muito que corre pela internet deixo para memória futura duas fotografias marcantes. A famosa do bombeiro Hélio Madeiras que o jornal Público e todo o mundo tornaram viral e uma de Marta Lorenzo Iglesias de um coelho calcinado nos incêndios em Galiza. Esta diz-me mais apesar de tudo. É que em Maio organizamos uma prova pela serra que para ter o percurso autorizado encontra muitos obstáculos legais. Para além da revolta que nessa altura sentimos pelas dificuldades para nós irracionais que nos colocam sempre damos esta imagem do que verdadeiramente pode prejudicar o meio ambiente. Mais vale "incomodar" um pouco e "ir limpando" alguma coisa que depois ver os nossos fantásticos trilhos e todos os seres vivos que os habitam assim devastados.
Persistamos contudo. Nas nossas inocentes corridas que a ninguém prejudicam e nas nossas tentativas de fazer gente e gente amar a Natureza - quem se dispõe a correr horas nos trilhos de uma montanha ama a Natureza podem crer e quem ama cuida -  para que cada vez mais se oponham às nada inocentes políticas globais que estão a provocar estas alterações climáticas que estão a destapar uma verdadeira caixa de Pandora.
Na maior parte do percurso fomos avançando a 4:30

Ainda em Badajoz com a melhor companhia

Já perto da Meta no Municipal de Atletismo de Elvas

Esta não foi pisada por nenhum trail runner!

Cenário dantesco no Norte e Centro de Portugal (foto de Hélio Madeiras)
A altimetria da Badajoz > Elvas


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