Monte Forte mesmo sem ponte e sem Torre

A Ribeira Grande dividiu a meio os 21 Km do Trail de Monforte mas não passámos pela ponte nem fomos a Torre de Palma. Pecado capital na óptica de quem olha para estes eventos como uma montra do património natural e histórico dos locais por onde decorrem. Como bípede rolador, contudo,  agradeço. Mas não se julgue que foi fácil ou desinteressante a primeira edição do evento em que estivemos ontem presentes. Muito sobe e desce para correr - e correr consome mais energia que apenas progredir - e a temperatura que se previa alta levaram-me a acautelar o ritmo com que abordei mais este passeio competitivo numa localidade que me está na memória pelas várias desistências no célebre corta-mato das igrejas que há quase 4 décadas o António Matias e a ADP por lá organizavam. Não sei se sobrou alguns desses cartazes que tinham sempre uma frase inspiradora e moralista que pouco diziam à rapaziada na altura mas que, pela originalidade, não deixaram de ser marcantes. Outros tempos em que uma revolução política colocava na rua a correr com sapatos Sanjo centenas de adolescentes. Passados 40 anos resta desse tempo como corredor aqui o JC e mais alguns resistentes. Os tempos hoje são de corridas para malta vinda dos sofás mas bem calçados e bem mochilados. Nada das antigas arenenses Sanjo com drop 2 mm em borracha (a marca ressurgiu de novo e com excelente aspecto como de resto quase todo o calçado português). Hoje corre-se com internacionais La Sportiva e Salomon. Sobravam-nos então magrezas e as velocidades associadas, sobram-nos agora gordurinhas que tentamos queimar com estas insanas corridas à esturrica do sol. Por isso fiz bem em começar lento. Evitou que a lentidão com que corri as longas rampas finais se atartarugasse ainda mais.
Gostei dos trilhos da prova e houve alguns por onde só passava uma pessoa, outros por onde podiam passar muitas a alta velocidade. Houve locais onde foi possível captar algumas memórias fotográficas inesperadas mas a fotografia do filme realizado pelo Monbiketeam e pelo Gonçalo Godinho, sobretudo a captada a partir das antenas, foi toda ela muito cénica, geométricos olivais, pequenas barragens agrícolas e um soberbo horizonte pastel. O termo badwater veio-me ao cérebro várias vezes, sobretudo no último terço do evento, vá lá saber-se o porquê, mas a assistência não faltou ao longo do percurso e no final a fonte da Praça da República permitiu que a alcateia lá vindimasse e se refrescasse. Também lá pisei uva que este ano ainda não tivera a oportunidade de um retorno à calma assim!
Partida

A aquecer os motores (como se fosse preciso)

Com Fernando Silva já mais que quente
Lobos a vindimar no tórrido pós prova!

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