Dura batalha nas Cabeças dos Atoleiros

Vinte e dois anos depois o município fronteirense voltou a homenagear, com uma Meia Maratona, a memória de Nuno Álvares Pereira que, em 6 de abril de 1384, no atoleiro provocado pela ribeira das Águas Belas e nos contíguos cabeços, infringiu aos então inimigos castelhanos a derrota na primeira das célebres batalhas que levariam ao trono a mais heróica dinastia da história de Portugal, a de Avis.
Não foi mentira que em 1 de abril de 1995, na 1.ª edição deste evento, a Vitorina a tenha corrido e nela conseguido o 2.º posto com 1 h 20 m 25 s. Um ano depois repetiu o posto com 1 h 22 m. Depois ... bem depois deu-se um largo interregno de 21 anos que terminou hoje.
Nuno Álvares Pereira não pode por razões óbvias comparecer na 1.ª edição e também não pode comparecer hoje, apenas a sua memória. Dessas 2 edições do evento também apenas restarão memórias. Memórias e ... Vitorina Mourato, que ainda por cá anda e compareceu com a determinação de sempre para ser 3.ª classificada. A classificação quase igual e o tempo 1 h 38 m 43 s. Sim, "ligeiramente" mais lento. Tal permitiu que aqui o renascido D. João I, de novo a terçar armas nestas saudáveis batalhas, o que não fazia há 20 anos atrás, pudesse acompanhá-la numa fabulosa manhã primaveril e terminar de novo de mãozinha dada, após uma prova em que gerir bem o esforço foi o principal objectivo.
A prova foi fabulosa. Foi talvez a "meia-maratona mais pequenina do mundo" no que à participação respeita mas foi um verdadeiro concerto acústico só para amigos. O intérprete principal, Bruno Paixão, é do melhor que por estes tempos percorrem a estradas portuguesas em passo de corrida - recente 10.º classificado na Meia de Lisboa - e praticamente tudo o resto foi também muito bom. Esteve lá a melhor equipa do mundo, o cenário da partida e chegada fabuloso junto ao Centro de Interpretação da Batalha dos Atoleiros, a Primavera compareceu esplendorosa, boa música ao vivo por grupo local a anteceder a Partida - onde é que eu já vi esta boa prática? - e um circuito muito bem desenhado a terminar com uma passagem quase completa pelas típicas ruelas de Fronteira. Duro, bastante duro, um constante sobe-e-desce num ambiente rural paradisíaco. Não consigo compreender como enchem autocarros para se enlatarem numa ponte e não aproveitam estes mimos!
O final de festa foi também um primor. Cerimónias protocolares bem conduzidas, num pódio bem enquadrado, com o devido destaque a parceiros e patrocinadores, comandadas por aquela que é cada vez mais a "voz do atletismo português", Sérgio Miguéns, o locutor que aguenta 14 h seguidas de chegadas no UTSM e a todos anima como se fossem o primeiro. Perdoe-se-nos o bairrismo mas Portalegre Faz Bem. Os prémios entregues aos atletas foram bons demais e já quase não se usam. Perdoe-se o mau gosto do cheque descomunal no pódio absoluto e enalteça-se a fantástica gravata vermelha entregue aos lugares secundários e a fabulosa caixa de produtos regionais oferecida pelo Monte da Colónia aos vencedores. Uma delas veio cá para casa para a primeira F50. Tudo isto, o desportivo e a envolvência, faz-me crescer água na boca e só espero que CMF e AADP façam para que a 4.ª edição não apareça só daqui a outros 21 anos (limando apenas algumas arestas como o facto do primeiro abastecimento ter surgido apenas quase aos 9 Km e do comunicado oficial de resultados ter alguns erros de monta no tempo de pelo menos um concorrente, eu mesmo). Nessa altura o mais provável é estar já quase como o Nuno Álvares Pereira: poderei comparecer ainda mas incapaz de terçar armas!
Veja aqui as excelentes fotos de Luis Barreto e de Paula e Luis Maurício.







Uma mais terminada de mãozinha dada (foto de Paula Maurício)

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