A correr por cabeços de vida

O Pai Natal continua a dar-nos prendinhas! 
Os trails de que gosto, para eu próprio participar,  são os de brincar. Distâncias curtas a médias, com dificuldades que não impeçam a progressão em corrida, que permitam dar a conhecer, com total segurança, os mais interessantes pormenores do património natural e edificado - sobretudo o histórico - das regiões em que decorrem. Para pessoas normais, para quem a prática desportiva constitui essencialmente uma componente de um estilo de vida saudável, chega ... e sobra. Felizmente um pouco por todo o lado esta vertente do trail running ganha organizadores e ... novos praticantes. Alguns deles revelam apetência e têm capacidade para desafios mais exigentes e para esses também existem, felizmente, suficientes propostas.
Temos feito um esforço, desde que lançamos o precursor UTSM em finais de 2011, para incentivar outras associações alto-alentejanas a seguir-nos o exemplo. Várias têm lançado iniciativas e a verdade é que praticamente todas elas têm singrado e constituem exemplos de excelência nos vários níveis de intervenção que este tipo de organização de eventos desportivos apresenta.
No domingo estivemos em Cabeço de Vide onde a dinâmica Associação de Juventude Vidense organizou a 2.ª edição do seu trail. Ouvíramos elogios à 1.ª edição, os padrinhos Luis Malheiro e Almerinda Velez são lobos como nós, e que decorria por estradões, pecado original com que muitos corredores de coisas sérias se apressam a apoucar as provas em que as suas qualidades inatas para a corrida ou a falta de empenho em melhorá-las no trabalhito do dia-a-dia se revelam com evidência. No entanto para os nossos ouvidos o pejorativo estradão é normalmente étimo de caminho para o paraíso. E lá prescindimos da São Silvestre do Crato e lá fomos ao Cabeço da Vida.
A água das termas da sulfúrea estava fria, o almoço valeu essencialmente pelo ambiente em que decorreu no seio de uma alcateia numerosa - alinhamos nada menos de 24 lobos na prova - e o mais positivo da prova foi efetivamente os trilhos. Estradões propriamente ditos quase nenhuns, caminhos rurais, tapadas, subidas a cabeços, o que existe, pois a prova decorre no Alto Alentejo e não nos Pirinéus. Fácil não é,  e a chuva caída tornou lamacenta parte do percurso, ou seja, para mim foram 2 h e 1/4 para correr os 23 Km. Chegou e não sobravam praticamente já forças para mais, se tem havido mais. Precioso final com subida ao castelo e apenas modificava algo: metia Alter Pedroso como local de retorno. Um circuito entre Cabeço de Vide e Alter Pedroso como ícones é que era. Fica a ideia, embora a ideia já tenha sido oferecida a outros mas pelos vistos caiu por dar demasiado trabalho. Há quem se canse com pouco.
Fiz a minha prova a desfrutar como decidi fazer todos os trails em que alinhar, 10% abaixo do empenho máximo, de trás para a frente, para que consiga ver as vistas. A maior parte do tempo a duo com o João Mata de Monforte - quase sempre a dar à goela -, depois na parte final acabei por alcançar a Vitorina e seguir com ela até à Meta. Parece que as águas sulfurosas das famosas Termas de Cabeço de Vide possuem propriedades que ajudam a minorar problemas osteo-articulares e reumatismais. Também a corrida as tem pelo que, juntas, fazem uma parceria quase perfeita. Gostei deste cabeço da vida! Com ou sem Alter Pedroso, podendo, regressarei.


Trail running: viagens no património natural e cultural em passo de corrida
Não tem alcatrão? É trail!
Cada um dá o que tem mas todos uivam! É o ACP! :) 

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