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Portalegre vista do Miradouro |
Portalegre é dominada pela serra, a serra de Portalegre, tão amada, actualmente tão abandonada que até dá dó passar pelo Miradouro, por exemplo, e verificar como se transformou numa lixeira. O novo
runner António Martinó de Azevedo Coutinho - começou já com 80 anos, nunca é tarde e anda entusiasmadíssimo! -, um dos portalegrenses que ao longo da sua activa e longa vida mais e melhor tem reflectido sobre a nossa cidade, publicou no seu
Largo dos Correios uma
série de interessantes artigos sobre a nossa pista de corridas preferida, a serra de Portalegre. Logo no primeiro recupera uma legenda de Régio para uma tapeçaria de João Tavares uma síntese da cidade que se lhe encaixa na perfeição:
“Entre a serra e a planície, olhando para o alto e para o longe, desabrochou entre verdura a cidade de Portalegre…”
Com frequência e desde há quatro décadas quando, ainda adolescente, partia do minha Penha de São Tomé para me ir encontrar com o João Mourato aos Matinhos e daí seguir para São Mamede a "treinar para a serra", que este é o nosso cenário favorito. Também a Vitorina era influenciada pelo João Mourato, seu irmão, a quem tinha de seguir a ritmo dos "anos 70" Matinhos acima senão ... ficava para trás.
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Selfie no retorno! |
Já nesta idade de alguma maturidade em que nos encontramos e permitindo-o ainda a saúde e desejando-o muito a vontade partimos para a serra sempre que se proporciona. No domingo estava previsto correr
10 milhas p'ro Porto e para preparar uma maratona em estrada até seria melhor corrê-las no plano mas, a vontade era a de subir a serra. Saltar da cama antes das 7, comer algo, creme gordo nos pés, ligar o Garmin e,
"vamos pela Fonte dos Amores e vimos pelo Reguengo", ordena a Vitorina. Primeira alteração de planos já que na volta à serra desce-se sempre por essa parte para que o final feliz seja mirar a cidade branca, a descer, nos últimos Kms da expedição. Mas na primeira hora de um madrugar domingueiro forçado não há cá troca de argumentos. É respeitar a ordem e ... marchar.
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Selfie à chegada! |
Penar até ao Salão Frio e aí chegados, já acordados e com o conhecimento de que o pior - o mais a subir - estava feito era só já desfrutar a manhã fresca de 18ºC que contrastava com os 35ºC a 40ºC que tem sido a média suportada sabe-se lá como neste interminável Verão. Tudo igual como queremos, tudo novidade como sempre acontece: o sol luminoso a partir de São Bento, os raspanetes por seguir 10 cm à frente a "puxar" - tem que ser exactamente lado-a-lado! -, o insuportável
chilreio mecânico afasta passarada junto à Quinta do Soldado, a ultrapassagem supersónica ao
inglês lento ao cruzamento para São Mamede, o pisar a caruma nalgumas curvas da estrada - sim, esta foi por estrada, não foi por trilhos -, o perceber que o rego das costas foi por Deus criado para que o suor pudesse escorrer livremente corpo abaixo, a
selfie ao cruzamento para o Porto da Espada/São Julião, o cruzar com grupo de
BTTistas e saber, horas mais tarde via
FlyBys do Strava que volta tinham dado - bendita tecnologia que tudo controla e tudo informa -, o começar a voar nas descidas no percurso de regresso, o cheiro a torrada à passagem por alguma isolada residência a horas de pequeno almoço, a dúzia de goles de água seguidos ingeridos sofregamente na fonte do Reguengo, o sentir o corpo a responder e a apreender o estado de forma actual. Esta volta à serra de 10 milhas, corrida neste sentido apresenta um trago final um pouco amargo, a subida após a Ribeira de Seda. Serviu para mais um teste à
máquina com o motor da
máquina a responder muito bem e a suspensão também a corresponder. Chegada às Carvalhinhas ainda antes da 9 h da manhã, ainda meia cidade mal adormecera após a última noite de Festival do Crato e já nós com a sensação de dia ganho!
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