Dos "assentos" às Antenas

Dia de corrida solitária que as mademoiselles estavam em Paris e apetecia-me apanhar um escaldão. Que há-se ser, que não há-de ser, como isto a subir é uma desgraça e não é por falta de rampas em Portalegre toca a realizar uma coisa em grande. Criado o segmento STRAVA Assentos > Antenas, 12,2 Km com um D+ 624 m, desde o ponto mais baixo da cidade (dos assentos que dão o nome ao Bairro) ao mais alto a sul do rio Tejo (Antenas da serra de São Mamede), dos 388 m aos 1012 m, diz o aplicativo, sempre por estrada. Serra acima, ritmo tic-tic, tinha-me imposto nunca parar senão já não valia e lá fui subindo. Ao cruzamento de São Bento a primeira surpresa, o meu cunhado João Mourato, pela calada da manhã lá vinha da sua incógnita voltinha domingueira no seu passito certo. Ainda o convidei, sem parar, mas não estava para aí virado, virou para o Salão Frio, já lhe apetecia descer. Também a mim! A curiosidade que eu tenho de ver o que aconteceria se colocasse um dorsal agora que já é M60! Continuei, sem parar, fui encontrando pessoas a caminhar serra acima, algo felizmente vulgar nos dias de hoje, o Milhinhos com o seu amigo do peito preparando-se para o regular joguito de raquetes de praia no cruzamento para São Julião - aos anos que eles fazem isto! - e, nos lugares tornados habituais grupos de 4, 5 carros estacionados, à espera que os proprietários, recentes adeptos desta ex-moda do trail running terminassem as suas 3 a 4 h de serra. Ainda antes da Cruz do Cume já ia feito Tarzan sem camisola à procura do escaldão - consegui-o! - e lá alcancei o objectivo, sem parar, nem para beber água! Na verdade bebi 2 ou 3 goles em andamento que isto de levar um soft flask escondido num cinto ARCh MAX tem as suas vantagens. Ao chegar lá encontrei um trail runner de Monforte, farto das planuras e do mato alto da sua localidade, deu para dar 2 dedos de conversa - já podia parar - e barreira abaixo: agora é que vão ser elas. Paragem na fonte da Ermida que jorra que dá gosto, 400 ml do precioso líquido boca abaixo, encher o frasco, tirar a selfie que sem ela nem treino é treino neste surpreendente século XXI e continuar, que o empeno começava a apertar. Ao cruzamento de São Julião a salvação. O João Pereira tinha vindo da capital emborcar cerveja com os amigos da juventude da Praça da República - por acaso tinha-me cruzado com um deles, o Lagarto, na 5.ª feira indo a correr, eu! - e lá apanhei boleia com este amigo da Casa do ACP em Lisboa, primeiro a pé, falando das últimas "séries de 10 Km" em que se tornou especialista e dos 7 Kg que já perdeu, ele que sempre foi magro, e depois no carro, que tinha levado até ao Salão Frio, para minha salvação, não dele! Já ia com 21,5 Km e 2 h e quase meia de movimento, o calor apertava e só me apetecia chegar a casa e emborcar uma fresquinha. Bela manhã, bela aposta pessoal alcançada. Quanto ao novo segmento ele aí fica para que alguém que se entretenha numa voltinha igual e queira constatar o quanto subi lento - mas sem parar e com um calorzito bom! - no dia de hoje!

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